5.8.09

Nem lé, nem cré

Começo a redigir essas mal traçadas linhas sem nada de concreto que possa ser transcrito, mas com uma certeza -sendo essa que me motiva- reencontrar gostos é inenarravelmente maravilhoso. Eu já tinha esquecido como eu gostava de ouvir Nickelback quando eu não estava legal. Nossa, o tempo passa muito depressa e às vezes me sinto perdida na estrada. Sinto que tenho ficado pelo caminho tentando catar cacos de uma nostalgia que apenas é memorável, mas não ressuscitável. Deveria seguir a máxima de que cada dia é independente, mas não consigo. Traço minha vida de forma retilínea, com todo um consecutivo encadeamento. Como fazer para mudar? Como alterar o fluxo? Como viver um dia por vez sem pensar em consequências?
Como ser mais romântica e menos racional?

Perguntas ainda sem respostas que pairam em minha mente de pandora!

"A estrada vai além do que se vê" e minhas percepções sobre caminhos e escolhas além do comumente admitido.



"If you ever feel like letting go
I won't let you fall
When all hope is gone
Know that you can carry on
We're gonna take the world on
I'll hold you till the hurt is gone"

-Nickelback

Talvez seja o que preciso ouvir.

6.7.09

Concepção






Um dia desses parei-me diante de uma fotografia, na qual um homem trajava sua melhor vestimenta, entretanto, aquele homem não se reconhecia na tal veste, sendo ela, como ele mesmo disse, apenas uma fantasia diária, necessária para o desempenho de sua função.
E diante de tal fato acabei por escrever um devaneio que segue abaixo:

"O importante não é chegar, mas sim saber onde se está chegando. Muitas vezes nos preocupamos com o caminho. Muitas vezes escolhemos o mais fácil, sem nos atermos ao modo como faremos a caminhada. Nossa angústia em chegar, faz com que ceguemos, nos esqueçamos de coisas tão simplórias. Acredito que o importante mesmo é chegar aonde se deseja sem deixar nada para trás.
Chegar não esquecendo os motivos que o levaram até ali. Chegar sem esquecer aquilo que és.
Um dia eu ainda chego, mas sem esquecer-me do que fui durante o caminho percorrido e do que serei com o exaurimento da minha caminhada, a meta alcançada. Sem esquecer-me de mim, do que sou, das minhas concepções, vontades, anseios e crenças.
Esse é o ganho mais importante que se pode obter"

-A.B.P.S

O que eu quis transpor é que não é uma veste que dirá quem sou, nem uma profissão que requer uma certa cerimônia me fará deixar de usar meus vestidos e chinelo. Não é a quantidade de pecúnio que eu possa vir a ganhar que me transformará numa pessoa mesquinha, que subestima aos outros, afinal caráter não é peça promocional de barraquinha.
O que quis dizer é que independente do cargo que se ocupa, da "farda" que se veste, todos nós ainda necessitamos saber quem somos, saber a força que nos move e a essência que corre em nossas veias.

Basicamente isso, basicamente assim.

6.6.09

um pouco do meu paladar

"Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?"


Adriana Calcanhotto em: A Fábrica do Poema


Adoro a Adriana ela sempre me traz uma paz.
Então deixo um pouco da propulsora da minha tranquilidade para vocês.

Desfrutem!



29.5.09

Precisa de Título?






Estive pensando, por um momento, que a virtude mais preciosa que temos, a de racionalizar, com certeza nos foi admitida por algum devaneio. Somos tão pobres em sentidos, que nem vale a pena ser elencados, que cada vez que me lembro que somos gestores de nossas escolhas, ações, pensamentos, gostos, que somos detentores do nosso poder de "racionalizar" me dá certa amargura, pois acho a espécie humana cada vez mais irracional, inapta a tamanha "dádiva". Estamos cada vez mais equiparados ao animal, que é um ser instintivo por natureza, não pondera, apenas age!. Tenho olhado acerca do que me cerca e por hoje meu ver, não de apenas olhar, mas sim enxergar, mostra-me de forma pungente que cada vez mais o trecho "animal sentimental" se distancia da nossa vivência. Cada vez mais somos homicídas e/ou suicidas de qualquer sentimento, vivemos como seres inanimados, simulacros de um modelo imposto, de uma vida imposta, onde "só os fortes sobrevivem", onde é preciso sucumbir desejos, vontades, ânsias, em prol de se "mater vivo". Reforçamos tanto, tudo. Que hoje o que resta são as fragilidades, os medos, angústias. Aonde está o erro?

Fôra-me dito: "Admiro sua forma de ver o mundo quadrado"
E logo respondi : "Se fosse quadrado talvez ainda fosse bom. Não sei com que forma vejo o mundo, ou de que forma o vejo. Estou num momento de desconstrução. E o quadrado dá a idéia de uma forma "linear", uma forma certa e ao meu ver o mundo é muito diferente disso. É tudo tão efêmero que não acredito haver tempo de possuir uma forma" ainda faço um adendo "O que meia garrafa de vinho não faz com uma pesso" e após sou inquerida do motivo que me leva a beber, mas esse deixemos para a próxima.

18.5.09

"A Ana"

"A Ana disse ontem
A Ana ficou triste
A Ana também leu
A Ana não existe

É a Ana insiste
A Ana não consegue
A Ana inventou
Ela também merece

A Ana é azeda
Mas é doce quando é doce
A Ana é azeda
Mas muito doce quando é doce

A Ana nada sabe
A Ana sempre canta
A Ana me enrola
A Ana me encanta

A Ana se pintou
A Ana não limpou
A Ana que escreveu
A Ana se esqueceu

Foi a Ana que fez
Foi a Ana que foi
Foi a Ana em fá
Foi a Ana, foi

A Ana ama
A Ana odeia
A Ana sonha
A Ana canta"

-Ana Cañas

Música que inspirou o nome do meu novo blog, o particular.
"Azeda mas Doce"